Lenine e o treinador do Zenit
Estive em S. Petersburgo há uns 3 anos atrás. O Zenit, que hoje defronta o FC Porto, tinha acabado de ganhar a UEFA Cup. A cidade tinha luz umas 20 horas por dia. Meio mundo, provavelmente o meio mundo dos forasteiros, andava azamboado dia e noite por causa da falta de dormir.
A cidade báltica presta uma enorme homenagem a Lenine. Uma estátua do ditador comunista marca a entrada em S. Petersburgo para aqueles que o fazem através da estrada que liga a Moscovo. Uma estátua imponente que domina uma praça de arquitectura soviética.
Nessa estátua, Lenine tem o braço direito levantado a assinalar-nos o caminho.
Pois bem, para tornar a minha estada culturalmente mais rica, contratei uma guia local, uma professora de artes que ciceroneava os turistas nas horas vagas para ganhar uns euros.
A senhora fez o que lhe competia: explicava-me a cidade a partir da sua arquitectura, dos edifícios, da arte, dos museus.
Até que, já quase no final do tour, fomos à praça onde está a estátua de Lenine. Ela lá descreveu os edifícios vizinhos, explicou o significado da homenagem e pincelou a biografia do homenageado.
Foi quando abriu a pequena mala que trazia, procurou num dos bolsos internos e retirou a fotografia de um homem que tinha sido apanhado pelo fotógrafo numa pose idêntica à de Lenine - isto é, com o braço direito levantado em direcção ao infinito.
A foto era do treinador do Zenit que tinha levado o clube à vitória da Taça UEFA. O holandês Dick Advocaat, se não estou em erro.
Este é o nosso herói actual, foi dizendo.
Antes assim.