As mulheres e as Public Relations

No mesmo dia em que o jornal Sol dedicava especial atenção a uma das mais categorizadas profissionais de PR do nosso País (Catarina Vasconcelos, diretora-geral da LPM), a nossa colega Liliana Almeida (Bloom Up) disponibiliza-nos um artigo do Communication Director sobre o papel das mulheres na nossa indústria.

 

Vale a pena recorrer à análise da autora, Romy Fröhlich, antes de passar a dar conta da minha experiência de empregador.

 

Escreve Fröhlich que o estereótipo define as Public Relations como uma profissão "feminina", mas, mesmo assim, as mulheres sentem mais obstáculos à progressão das suas carreiras do que os seus colegas homens.

 

Em concreto, sustenta, as mulheres das PR continuam a enfrentar mais dificuldades do que os homens quer quanto à rapidez quer quanto ao êxito das carreiras.

 

Existe, naturalmente, uma "explicação" para que tal ocorra se quisermos continuar a recorrer-nos dos estereótipos. É que, do mesmo modo que os atributos de Comunicação são "femininos", os atributos de gestão e liderança são "masculinos" e, a partir de certo ponto, as carreiras profissionais de PR integram mais estes atributos do que aquele.

 

Creio, no entanto, que este tema não se esgota na maturidade da carreira e que merece ser analisado noutros ângulos.

 

A minha experiência de empregador diz-me que o desequilíbrio das carreiras, a favor dos homens, começa logo na fase inicial da gestão de projectos. A perceção é a de que os jovens profissionais masculinos atingem mais cedo a maturidade, que são mais autónomos e corajosos. E que, nesse estágio inicial, as mulheres, sendo porventura mais profundas e aplicadas, necessitam de recorrer amiúde a apoios dos colegas experientes (e, com irónica frequência, de experiência idêntica).

 

Se me é permitido entrar em aspetos mais frívolos - justificando-me com a circunstância de trabalharmos numa indústria de Imagem - o próprio código de vestuário impulsiona a carreira dos homens. Nós costumamos usar uma "farda" idêntica nas várias idades profissionais (fato e gravata), enquanto as mulheres se vestem com mais imaginação e irreverência. Imaginação e irreverência colam mal com a perceção da consultoria sénior.

 

Assim sendo, foi-se estabelecendo a ideia de que as consultoras mulheres funcionam bem em projetos "mais Marketing" ou "mais Comunicação", mas a verdade é que, quando chega o momento das estratégias de longo prazo, do institucional ou da crise, os Clientes (seja qual for o sexo) reclamam os "fatos cinzentos".

 

Eu próprio fui porta-voz de planos, ideias e argumentos concebidos pelas minhas colegas consultoras em muitas ocasiões em que estas punham em primeiro lugar o que julgavam ser a segurança da aprovação e deixavam para trás os seus egos pessoais e profissionais.

 

O tempo ensinou-nos a todos: nós aprendemos a dizer-lhes que não, as mulheres das PR estão mais confiantes e os Clientes descobriram que a sua intervenção na linha da frente traz mais seriedade, ponderação e diálogo.

 

Com este novo pano de fundo, as mulheres estão a ser levadas a tomar mais decisões de  forma autónoma e a gerir equipas com mais frieza e determinação.

 

Por isso, discordo das conclusões de Romy Fröhlich, segundo as quais existe uma dicotomia entre o estereótipo de a mulher ser "natural born comunicator" e o potencial de fazer carreira como líder de equipa e gestora.

 

Na LPM, a direção-geral foi conquistada por uma mulher. São várias outras profissionais que dividem postos de primeira linha. E sentimos na prática diária que esta situação favorece a nossa prestação de serviços e ajuda os nossos Clientes.

 

O mesmo vai ocorrendo em várias outras consultoras, pelo que a realidade acabará por alterar o estereótipo. É uma questão de tempo e de determinação.

 

publicado por lpm às 14:25 | link deste post | comentar