Diferenças entre cidades tão próximas
Há menos de 20 anos toda a zona central de Madrid pouco mais tinha que os grandes armazéns, alguns restaurantes e os monumentos. Há 20 anos não existiam ainda nem o Museu Rainha Sofia nem o Museu Thyssen-Bornemiza (foram ambos inaugurados em 1992).
Mas hoje o triângulo dos Museus agrupa o Prado, renovado (uma bela exposição de Renoir), o Thyssen (onde estão fotografias de Mario Testino) e o Reina Sofia, entretanto ampliado em 2006 por Jean Nouvel numa bela e eficaz intervenção arquitectónica (e onde está uma fantástica e supreendente exposição de Hans Peter Feldman) – isto claro, falando apenas de exposições temporárias, para além das respectivas colecções permanentes. A dois passos deste triângulo está a Fundação La Caja e a Fundação MAPFRE – esta com uma bela mostra de arte americana do século XX, da Colecção Philips.
Tudo está cheio de gente - espanhóis, estrangeiros também, numa festa permanente que nem os chuviscos de Outono arrefecem. É nestas alturas que me ponho a pensar em Lisboa e vejo como fomos falhando oportunidades, fazendo coisas sem plano, desbaratando recursos (como o Pavilhão de Portugal), espalhando as coisas em vez de as concentrar.
Há 20 anos Madrid não tinha nada disto e hoje tem uma zona central recuperada, contenção de novas construções, equilíbrio estético, investimento na cultura como dinamizadora do turismo, obras emblemáticas de grandes arquitectos.