Uma medida nada liberal

 

 

Um aspecto do plano de reestruturação da RTP que não tem sido falado é a decisão de limitar a concorrência no sector da produção de televisão e subalternizar os produtores independentes. Daquilo que já foi revelado, o potencial comprador do canal da RTP que for alienado, terá que utilizar meios de produção da própria RTP, ficando mesmo obrigado a ser sócio de uma unidade autónoma que será criada para o efeito. Esta situação ataca directamente os produtores independentes de audiovisuais, que assim verão o mercado limitado – é um pouco paradoxal que o Governo utilize o argumento da concorrência nuns casos e que em outros o meta na gaveta.

 

De qualquer forma, a confirmar-se esta situação, existirá um eventual incumprimento das normas europeias sobre as percentagens de produção independente que devem existir no mercado de produção audiovisual. A questão da produção independente é relevante porque ela já está a ser comprimida face aos cortes no investimento em conteúdos das televisões, e com este modelo de negócio previsto para a RTP e o eventual novo operador, o seu mercado ficará ainda mais limitado.

 

Recordo apenas que a produção independente de audiovisual é fundamental para o crescimento de uma industria multimédia, a única forma de garantir que o português continue uma língua viva no novo mundo digital e que a nossa História e Cultura sejam salvaguardadas. Eu acho que o Governo nunca pensa nestas coisas – mas faz mal e vai deixar uma péssima herança se continuar nesta via. 

 

publicado por falcao às 09:46 | link deste post | comentar