Dúvida colossal

Se bem entendi, a alegada referência do primeiro ministro a um "desvio colossal em relação às metas estabelecidas" foi transmitida "aos membros do conselho nacional e longe dos jornalistas". Contudo, "um dos elementos presentes na reunião do Conselho Nacional do PSD" terá reportado este desabafo aos jornalistas. Como se nota aqui, a citação foi repetida em todos os media, de forma igual. Não sei se o primeiro comunicado partiu da Lusa, mas a agência nacional de notícias fez uma peça em que cita o tal de "um dos elementos presentes na reunião do Conselho Nacional do PSD".

O tom brutal da expressão, desvio colossal, concentrou todas as atenções na mensagem. Tal a sua força, que aparentemente nenhum meio questionou a credibilidade ou veracidade do mensageiro.

E veio-me à memória o caso recente do assessor que não teve credibilidade para uma jornalista da agência nacional de notícias a quem quis transmitir uma frase do (outro) primeiro ministro e que levantou rigorosíssimas dúvidas deontológicas: “Não é rigoroso e exacto e contraria regras básicas do jornalismo citar alegadas declarações de uma pessoa com base em afirmações que outra lhe atribuiu”, considera o Conselho de Redacção (CR) da Lusa, que apresentou queixa à Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) e ao Conselho Deontológico dos Jornalistas.

E eu fico com uma dúvida colossal sobre as regras básicas do jornalismo.





publicado por Alda Telles às 19:11 | link deste post | comentar